2005-09-30
Frida Kahlo. Auto-retrato
Pintado em 1938, pela bela e sedutora Frida. Adquirido pelo Louvre na sequência da sua exposição em Paris, em 1939, realizada com a colaboração do poeta e ensaista surrealista André Breton.
"Ter os jornalistas na mão...."
De um amigo militar, "capitão de Abril" dos mais destacados, já coronel reformado, recebi um email que circula no seu meio com pedido de divulgação. E eu divulgo.
Não consegui até ao momento confirmar esta situação da protecção social na saúde dos jornalistas (espero que algum ao ler-me deixe o seu comentário) e, a verificar-se, conhecer as razões ( ou falta delas) da decisão do Governo.
Ainda que com esta reserva e sem que desta vez possa acompanhar estes meus amigos nas suas presentes "lutas revolucionárias" aqui fica o seu grito d'alma:
"ESCANDALOSO!!!
Porque é preciso ter os jornalistas na mão....
Vejam a escandaleira deste governo!!!
O subsistema de saúde destes pardais é INTOCÁVEL! A caixa de previdência e abono de família dos jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é mãe do ministro António Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos).
O inefável Ministro José António Vieira da Silva declarou em Maio último que esta caixa manteria o mesmo estatuto!
Regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública, SNS e os outros subsistemas de saúde. É só consultar a tabela anexa....
Mas este escândalo não será divulgado pela comunicação social, pelo que há que o divulgar ao máximo por esta via!"
Quem não se ofende...
" num breve comunicado assinado pelo director nacional, Santos Cabral, a PJ reserva-se o direito de proceder criminalmente contra quem proferir declarações, susceptíveis de ofenderem a credibilidade, o prestígio ou a confiança que são devidas à instituição."
Tem a ver com declarações de Rui Rio e Fátima "Evita" Felgueiras.
"Esta quinta-feira, na apresentação do programa da coligação PSD/CDS-PP à Câmara do Porto, Rui Rio disse que a PJ do Porto nunca o ajudou no combate à corrupção.
Quanto a Fátima Felgueiras, a ex-autarca assina hoje um texto no «Público», onde ataca a PJ do Porto, afirmando que terá desrespeitado os seus direitos de cidadã na ânsia de exaltar o protagonismo dos agentes destacados para a deter. " [TSF]
Cambalachos
O caso passou-se em 2004, naquele interregno de governação do país, preenchido pelo espectáculo circense e prestidigitação do saudoso Pedro Santana Lopes. Uns eram administradores da REFER e os outros da CP mas isto não dura sempre. Gente amiga com certeza e vai então: ora agora contratas-me tu lá na CP ora agora contrato-te eu cá na REFER. Nenhuma das empresas necessitava dos contratados concluiu a Comissão de Fiscalização da CP mas já o inverso se não verificava, concluo eu!
"Embora os gestores públicos sejam normalmente convidados a demitirem-se dos respectivos cargos, o DN apurou que Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, decidiu levar à letra a recomendação do seu auditor jurídico por considerar que, neste caso, era imprescindível dar um sinal público de que tais comportamentos são inaceitáveis. Foi por isso que o Governo convocou todos os gestores para se apresentarem no Ministério ontem à tarde, tendo-lhes sido entregues as cartas de exoneração por motivo justificado, o que, na prática, lhes retira o direito a qualquer indemnização por interrupção do mandato."
2005-09-29
Frida Kahlo
Frida Kahlo (México, 1907/54) foi casada com o grande pintor mexicano Diego Rivera que a estimulou a pintar e declarava ter nascido em 1910 porque dizia-se filha da revolução mexicana. Aos 47 anos Frida morreu de embolia pulmonar, mas a última frase do seu diário "Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar" deu origem a especulações de suicídio.
"Influida por la obra de su marido, adoptó el empleo de zonas de color amplias y sencillas plasmadas en un estilo deliberadamente ingenuo. Al igual que Rivera, quería que su obra fuera una afirmación de su identidad mexicana y por ello recurría con frecuencia a técnicas y temas extraídos del folklore y del arte popular de su país. Más adelante, la inclusión de elementos fantásticos, claramente introspectivos, la libre utilización del espacio pictórico y la yuxtaposición de objetos incongruentes realzaron el impacto de su obra, que llegó a ser relacionada con el movimiento surrealista."
[aqui] e também
[aqui] e
[aqui]
O Avante e as lutas dos militares
Para encontrar as associações sindicais dos militares - pensei - nada mais simples, Google. Teclei "direitos dos militares" (estive quase para intercalar "adquiridos" mas receei que ele não topasse a ironia) mas antes que desse com a AOFA, a ASMIR, a ANS ou a APA remetidas para a terceira página do motor de busca de Sergey Brin e Larry Page, surgiu logo na primeira o Avante.
E lá fui ler o Rui Fernandes. Não cheguei ao fim dos
15 mil caracteres. Nem precisei. A conversa, salvo pormenores como o Português ou a relação com a realidade, está tal como há 25 anos. E é tão parecida com a de alguns manifestantes mais exaltados que, quem não conheça o bom do Rui Fernandes, calculará que ele é um dos militares sindicalistas.
O Barómetro DN/TSF/Marktest de Hoje
Independentemente de comentários sobre esta sondagem, no sentido de que a situação eleitoral no dia do Veredicto em Janeiro será bem diferente, é aquela "verdade" que nada adianta, quando muito pode servir de autoconsoloção (por quanto tempo?). Entendo que a sondagem traz em si vários pontos importantes:
um sinal às esquerdas
a tender para o vermelho (a todas, mesmo aquelas que não têm responsabilidades governamentais);
uma
grande autonomia do cidadão na decisão de voto.
Este último aspecto, talvez o mais significativo, quererá dizer que a sociedade civil (pelo menos à esquerda) está finalmente a despertar? E se fôr esse o sentido, não se trata de um aspecto negativo.
Há que tentar perceber as razões da cada vez menor fidelização aos partidos. Haverá desinteresse do cidadão porque o espectro partidário não reflecte o evoluir das diferentes camadas sociais?
2005-09-28
Juizes ameaçam com greve (3)
A Justiça - órgão de soberania ou classe profissional assalariada?
Há magistrados que estão contra a greve porque querem preservar o estatuto de órgão de soberania. Outros, os apologistas da greve, julguei que tinham desistido de tal atributo constitucional ofendidos com a redução das férias, depois de inicialmente terem dito que não se ralavam e até era melhor para eles.
Mas não. Afinal não. Ao semblante de Mário Crespo, na SIC Notícias, há meia hora, entre o irónico e o curioso, respondia Alexandre Baptista Coelho, presidente da Associação Sindical dos Juízes, num involuntário exercício de conquista da reprovação dos telespectadores: até lhe digo mais, fazemos greve porque queremos ser respeitados como órgão de soberania!
É o síndroma Pinheiro de Azevedo. Quando primeiro-ministro, em 1975, ameaçou, num acto histórico de hilariante voluntarismo que o Governo ia fazer greve. Mas estávamos nos gloriosos e festivos tempos da gloriosa revolução do 25 de Abril!
Juizes ameaçam com greve (2)
O funcionamento da Justiça em Portugal é mau. É muito mau. É demasiado mau. Por um lado a demora. A demora é tal que a Justiça impede a justiça e tornou-se não apenas fonte de indignação e desespero para os cidadãos como um dos constrangimentos mais decisivos na nossa economia. Mas não é, obviamente, só a demora. É também o descrédito. Descrédito generalizado. O vulgar cidadão acha que a Justiça está ao serviço dos ricos e poderosos e só marginalmente e ao acaso da sorte de quem não tem nem poder nem dinheiro. A opinião corrente é a de que a "Justiça" apenas está ao alcance de quem tem dinheiro para bons advogados, para corromper e comprar quem a administra ou para conquistar a sua cumplicidade. Para "confirmar" tais presunções muito generalizadas aí estão muitos e controversos episódios do julgamento da Casa Pia, do Apito Dourado, da ostensiva impunidade política de Ferreira Torres, Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, do ostentatório enriquecimento de tanta gente que só pode ter origem criminosa mas que ninguém imagina sequer que possa vir a ser incomodada. Difunde-se, ainda que desproporcionadamente, a convicção de que redes e poderes encobertos agem transversalmente através de partidos e órgãos de soberania para garantir o enriquecimento e a impunidade.
A culpa é só dos juizes, magistrados do Ministério Público, dos advogados? Obviamente que não. Reparte-se pela classe política, pelos outros órgãos de soberania que cedem ou não conseguem opor-se a poderosos grupos de pressão. E, como em todos os grupos de cidadãos, não se podem generalizar condutas e posições.
Se visse os juizes e magistrados do ministério público numa prova de força pela superação vigorosa deste estado de coisas compreendia. E apoiava.
Mas sendo entre os portugueses remunerados pelo Estado um dos grupos mais bem pagos e que mais regalias usufrui, ameaçarem alguns deles com greves porque o Governo perante extrema necessidade nacional de diminuir despesas decidiu não os deixar de fora do esforço de austeridade é algo para que alguns senhores magistrados não devem ter a esperança de conquistar o coração dos cidadãos.
A tal ponto que Sarsfield Cabral concluiu no
Diário de Notícias que "as contestações corporativas são uma bênção para o Governo".
Juizes ameaçam com greve
Corria o ano de 1962 e as "festas" do 1º de Maio. A Rua Augusta vinha cheia com os operários da Lisnave e outros metalúrgicos ribeirinhos. Ameaçavam a ditadura com punhos no ar, determinação e desepero, gritos ritmados de "temos fome! temos fome!"
No Rossio esperava-os a polícia de choque e todas as outras polícias de Salazar, acessoradas por agentes paisanos olhando por cima com ar de comando, percebia-se que eram os pides.
A meio da rua o meu saudoso amigo Carlos Plantier, futuro jornalista, mas ainda só estudante da Faculdade de Ciências, incorporou-se na "manif" e gritava, como todos, "temos fome! temos fome!" Mas algo destoava. E logo se percebia. O Carlos como habitualmente vinha com o seu fato completo, calça vincada, sapatinho bem engraxado, camisa branca impecável e gravata a condizer. No meio dos fatos de macaco, ferrugem, óleo, barbas crescidas, gritos sentidos, éramos ali, verdadeiros compagnons de route. E dificilmente, quem nos visse, levaria a sério que tínhamos fome.
Lembrei-me deste Maio ao ouvir as notícias da greve dos juízes e dos magistrados do ministério público.
2005-09-27
A Política do Medicamento
Ontem vi grande parte do programa prós e contras. Gostei do Ministro Correia de Campos.
Desfez no bom sentido um pouco o "império de Cordeiro", o homem todo poderoso das farmácias e, no meu entender, mostrou que tem uma política para o medicamento. É um ministro diferente. Pode nem sempre concordar-se mas sabe para onde quer ir, ao contrário da maioria que quase nunca se percebem as políticas dos ministérios. Aqui o medicamento a baixo custo para o utente é um objectivo.
Agora que não é fácil desmantelar "o polvo" do sector farmacêutico, não é. Mas o ministro mostrou vontade em abordar o caminho que lá irá ter, exactamente na óptica desse grande objectivo da política do medicamento. O acordo é um grande obstáculo ao medicamento mais barato. Donde ser fundamental chegar a um novo acordo com a ANF, menos leonino para o Estado e para o utente. Margens de 20% é obra.
Não desistir
[António Ramos Rosa, Três - 1975 in Antologia Poética]
Não desisti de habitar a arca azul
Não desisti de habitar a arca azul
do antiquíssimo sossego do universo.
A minha ascendência é o sol e uma montanha verde
e a lisa ondulação do mar unânime.
Há novecentas mil nebulosas espirais
mas só o teu corpo é um arbusto que sangra
e tem lábios eléctricos e perfuma as paredes.
Aos confins tranquilos entre ilhas mar e montes
vou buscar o veludo e o ouro da nostalgia.
Deponho a minha cabeça frágil sobre as mãos
de uma mulher de onde a chuva jorra pelos poros.
Ó nascente clara e mais ardente do que o sangue,
sorvo o cálice do teu sexo de orquídea incandescente!
A minha vida é uma lenta pulsação
sob o grande vinho da sombra, sob o sono do sol.
Há bois lentos e profundos no meu corpo
de um outono compacto e negro como um século.
Com simultâneas estrelas nas têmporas e nas mãos
a deusa da noite, sonâmbula, desliza.
Ao rumor da folhagem e da areia
escrevo o teu odor de sangue, a tua livre arquitectura.
Prisioneiro de longínquas raízes
ergo sobre a minha ferida uma torre vertical.
Vislumbro uma luz incompreensível
sobre os campos áridos das semanas.
Elevo o canto profundo do meu corpo
sob o arco das tuas pernas deslumbrantes.
Escrevo como se escrevesse com os meus pulmões
ou como se tocasse os teus joelhos planetários
ou adormecesse languidamente no teu sexo.
DECO alerta
Ainda bem que a DECO se mexe e denuncia. Mais um estudo em que a DECO vem alertar para os perigos resultantes da substituição do gás de cidade por gás natural em Lisboa.
A questão não está no gás mas no mau serviço que a Lisboagás prestou aos lisboetas. Falta de preparação técnica, trabalho a despachar, menores custos possíveis, pouco apreço pela nossa segurança.
Este problema é de extrema gravidade. E não só nas construções antigas. Mesmo nas modernas de qualidade, os problemas têm sido muitos.
Vivo na Graça numa urbanização nova (menos de 10 anos) e as queixas têm sido bastantes.
Francamente, todo o candidato por Lisboa deveria agendá-lo e dizer como vai intervir na solução de tão grave problema. É a vida das pessoas que está em causa.
A DECO fez um trabalho que deveria ser continuado por uma entidade pública, e de imediato devem ser tomadas medidas, antes que algo de irremediável venha a acontecer.
2005-09-25
Soares à presidência (9)
O «Efeito Zenha»
O que a direita portuguesa valia eleitoralmente em 1986, na primeira volta das eleições para a Presidência da República (46,26% , com o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo do Partido Socialista) não se alterou muito na década seguinte. Cavaco Silva, disputando a Presidência da República a Jorge Sampaio, em 1996, alcançou 46,17%. Salgado Zenha, com 20,93% e Maria de Lurdes Pintassilgo, com 7,44% exprimiram, na primeira volta de 1986 a sensibilidade dos que já então preferiam outros candidatos a Mário Soares. A dinâmica da campanha intensificou-se. Na 2ª volta, Soares beneficiou das transferências, atingindo os 51,28% (obtivera 25,38% na 1ª volta). A abstenção baixou de 24,3% na 1ª volta, para 21, 77%, na 2ª volta.
Para quem se preocupa (demasiado, a meu ver) com as «indesejáveis» motivações de Manuel Alegre, não faria mal recordar que a direita portuguesa, representada por um só candidato na 1ª volta, dificilmente valerá mais do que Cavaco Silva valeu contra Jorge Sampaio em 1996. O «Efeito Zenha» continua a possuir virtualidades positivas para as esquerdas que o PS federa eleitoralmente, com a vantagem de não suplantar ideologicamente as diferenças evidentes.
Se Manuel Alegre se vier, de facto, a candidatar, e se conseguir fazer uma boa campanha, todos teremos a ganhar com isso. Mesmo Mário Soares, se conseguir ser ele a ir à 2ª volta.
Lá no fundo, Alegre está a recordar as injustiças que ele e outros dirigentes do PS, cometeram contra Zenha. Não é demasiado tarde. Contra a tendência de resolver administrativa e tecnicamente as diferenças ideológicas que se acentuam dentro e fora do PS, ele poderá prestar a Salgado Zenha a homenagem que as esquerdas lhe devem. Com vaidades, estátuas, orgulhos e mais o que se quiser.
Esquerdas e Direitas carecem de uma 1ª volta a várias vozes. Há demasiado silêncio em torno de questões que não parecem incomodar nem Mário Soares nem Aníbal Cavaco Silva.
Até que enfim...Manuel Alegre definiu-se
Manuel Alegre, como cidadão tem pleno direito de se candidatar. Numa análise política de esquerda - ampla - tenho as minhas dúvidas da bondade dessa decisão. Qual o seu espaço político? Que o eleitorado vai fidelizar? Os jovens, os descontentes? A parte do PS que nele votou para SG? Se é esta última bem podia ter imitado a Alemanha. Era mais linear.
Esta é a questão que me preocupa. Estou à vontade pois aqui sempre defendi, com o Raimundo, que Mário Soares era quem reunia as condições, na actual situação da vida nacional, para dar maior luta a Cavaco.
Podemo - nos pôr todos a discutir as estátuas, a entrada de Alegre na disputa a SG, quando João Soares já lá estava e que se saiba também não o informou etc., (uma "ofensa" do nível de MS agora neste processo), o PS não ter tido capacidade para arranjar um outro candidato que representasse outra geração ou outra dinâmica, etc.
Estes são problemas de somenos importância, agora, quando o objectivo me parece estar bem definido: travar Cavaco na corrida para a cadeira da Presidência.
Não encontro razões políticas de substância para a candidatura de Manuel Alegre, a não ser uma certa vaidade pessoal ferida. Os argumentos dos directórios políticos, mas como? Alegre sempre foi um alto dirigente do PS. Sempre esteve nesses e com esses directórios.
Francamente, um falso argumento político o de que vai ajudar a derrotar Cavaco na primeira volta.
A consciência da importância de si próprio
Numa sessão de apoio à candidatura do PS em Águeda, Manuel Alegre informou voltar ali em Janeiro, como candidato a Presidente da República.
Manuel Alegre que saudou a decisão de Carlos Encarnação, presidente e candidato do PSD à câmara municipal de Coimbra, de lhe fazer em vida uma estátua (inaugurada nas vésperas da campanha eleitoral) como uma nova aurora nos costumes nacionais, não resiste à tentação de ser candidato a PR. Se os votos forem na proporção da importância que a si próprio se atribui Manuel Alegre deixará Cavaco em fanicos. Suspeito que a direita vai saudar o "desassombro" do poeta.
2005-09-24
Dirigentes do PS - Eurominas, terreno minado
O jornalista José António Cerejo apresenta no Público de 23 do corrente uma investigação demolidora para vários dirigentes do PS.
A investigação diz em resumo que não tendo o Estado o dever de indemnizar a multinacional Eurominas acabou por fazer com ela um acordo, em 2001, pelo qual o Estado a indemnizou com 12 milhões de euros.
Este resultado foi possível - explica Cerejo - com a entrega da defesa dos interesses da Eurominas a um escritório de advogados acabados de sair do Governo em colaboração com membros deste que teriam trocado a defesa do interesse público pelos da multinacional.
Cerejo acusa os advogados e ex-governantes José Lamego, António Vitorino e os ex-secretários de Estado, então em funções, Vitalino Canas, Narciso Miranda e José Junqueiro. [Link reservado a aderentes]
Expresso
Semanário "Expresso", uma imagem deste país. Cada dia que passa, a qualidade enfraquece.
Todos os sábados, faço uma jura a mim mesmo: será a última compra. No sábado seguinte é o vamos lá. Faz falta, mas cada vez mais, uma falta constrangida. Um dia a fidelidade, se aparecer alternativa, lá se vai. As condições estão maduras. Já vai faltando aquela pachorra para que a primeira coisa pós compra seja a selecção do que deitar fora e ficar reduzido a 3 ou 4 peças. Depois desta fase vem a leitura e a desilusão é total. Falta profissionalismo e de qualida de á mistura. Mas um hábito de longos anos, de quando a falta de informação era um bem precioso, não se quebra facilmente...
Como este país, o Expresso atingiu uma situação incurável. Para o curar são necessárias rupturas. Rupturas exigem pessoas, novas equipas, pessoas que reconheçam e saibam analisar os erros e daí retirar ideias, pessoas ambiciosas e determinadas.
O Expresso de tantos anos a patinar, já não tem pessoas para a mudança.
E o País? Tem, pelo menos uma pessoa determinada: José Sócrates. Mas tenho dúvidas sobre: Será que tem equipa determinada? Será que tem rumo determinado? Será que tem rumo com conteúdo?
Ao contrário do Expresso que já "enquistou".... pode, pelo pouco tempo ainda de governação, olhar para a equipa e pensar. É com esta gente que vou prosseguir? Começa a ser oportuna esta dúvida, pelo menos preparar o pós autárquicas. Sugestão uma área a "mexer": economia, com Manuel Pinho não vai longe. Não tem conteúdo, nem determinação, nem bússola.
Soares à Presidência (8)
O que fica sempre a faltar.
Para aqueles e aquelas que se apressaram a dar o caso Alegre por encerrado, aí está o desenvolvimento esperado: Manuel Alegre, reavaliou a situação e admite vir a candidatar-se. Dá a entender que Mário Soares não chegará para Cavaco Silva. Aguarda-se agora uma torrente de recriminações. O costume. Uma coisa é certa: quando algo se resolve mal, mais não se faz, muitas vezes, do que adiar soluções eficazes. Entre as próximas autárquicas e as presidenciais, arriscamo-nos a ter de rediscutir muito mais...
2005-09-23
1.434 M€ para Plano de Emprego
O Governo vai investir pelo menos 1.434 milhões de euros para cumprir os objectivos do Plano Nacional de Emprego (PNE) [apresentado hoje pelo ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva] entre 2005-2008...
Muitos dos programas terão a comparticipação de fundos comunitários.
Programa para os jovens desempregados... 422 milhões de euros para assegurar a formação a 135 mil jovens desempregados sem o 12º ano de escolaridade e com idade inferior a 23 anos.
237 milhões de euros para um programa de colocação, estágio ou formação para 108 mil jovens licenciados no desemprego.
63 milhões de euros para relançar 90 mil cidadãos com mais de 65 anos em actividades de interesse social.
461 milhões de euros para abranger 153 mil pessoas com dificuldades de inserção no mercado de trabalho como ex-toxicodependentes e beneficiários do rendimento social mínimo garantido.
216 milhões de euros para as pessoas com deficiência, ... apoiar a instalação por conta própria e a formação profissional de 46 mil pessoas.
35 milhões de euros para integrar social e profissionalmente os imigrantes.
Em termos de relações laborais, o PNE prevê um estimulo à negociação colectiva e a reforma da legislação laboral. [Aqui]
2005-09-22
O estado a que isto chegou
Quanto mais importância eles tiverem menos importância terá o país.
Despedimentos na SONY
A grande multinacional japonesa SONY vai suprimir 10 000 empregos e fechar 11 das 65 fábricas que o grupo tem no mundo inteiro, criando 4 000 desempregos no Japão e 6 000 no exterior, o que equivale a cerca de 7% dos efectivos.
O primeiro PDG da Sony, não japonês da SONY, o americano Howard Stringer, ex- jornalista, que hoje de manhã anunciou estas medidas, pretende recentrar o império SONY, na sua primeira "vocação"- a electrónica de grande consumo (tv, video e jogos video) - que representa 70% dos seus negócios, abandonando certas actividade periféricas.
Segundo o novo PDG, ao contrário do seu antecessor, a estratégia de recuperação passa pela recentragem da actividade no core das actividades do grupo e não pela diversificação.
Com este plano estratégico procura no fim do exercício de 2007/8 uma redução de custos de 1,5 milhares de milhões de €.
Que produtividade Pode Ter Este País?
Nestes últimos dias, temos ouvido falar bastante de produtividade. Foi o dr. Constâncio, foi o dr. João Salgueiro. Foram os dirigentes patronais. muita "santa gente" falou.
Ontem até, se não fosse a "reaparição de Fátima", a Felgueiras de Felgueiras, e a oposição pouco estar interessada ou vocacionada para o assunto, talvez tivesse sido o dia ideal para no Parlamento, os partidos dizerem o que acham desta matéria que toda a gente considera relevante, mas sem dizerem como, a não ser que a Administração Pública está na origem de todos os males deste País. Terá certamente algum, mas não é a Administração Pública em si, o conjunto das pessoas que aí trabalham os grandes culpados da baixa de produtividade no que ao Estado se refere. Acho que o ambiente de irresponsabilidade e de desinteresse que se foi criando decorre de "duas coisas" muito determinantes. Da má gestão da AP, proveniente de falta de objectivos e da não diferenciação do mérito das pessoas. E nada disto depende dos trabalhadores individualmente. Depende dos políticos deste país, dos actuais e dos anteriores. É um problema por demais arrastado.
A grande questão da produtividade está nas empresas e seus dirigentes e respectivas associações. São as empresas que produzem os bens e serviços transaccionáveis. E se o que produzem em Portugal não encontra mercado exterior por falta de qualidade, por falta de saber colocar os produtos nos locais certos, onde se situa o mal desta situação?
Não será nas incapacidades dos gestores e empresários?
E se é verdade que, como dizia na 2ª segunda feira ao DNnegócios o dr. Francisco Madelino, presidente do IEFP "renovar a mão- de -obra vai demorar 50 anos (penso que é de acrescentar se nada fôr feito, isto é como tendência natural), renovar a classe empresarial, sem nada ser feito que contrarie essa tendência demorará muito mais e a história parece infelizmante dar-nos razão.
2005-09-21
Onde Irá Parar Este País?
É difícil não estar inquieto e intranquilo neste País. Nem sei bem se são os termos mais apropriados. Mesmo quem já passou por muita coisa, muitas delas bem complexas, quer na política quer na sua vida, olha para este país com alguma descrença, sem saber bem por onde anda.
E questiona-se: será que este país segue para algum porto?
Já não digo porto seguro, porque não parece estar nessa rota. Tudo parece marchar sem rumo. Ter uma consulta num hospital público para as nove e meia e ser atendido às catorze e trinta é obra. Não faz isto mossa? Ter um projecto de investimento, entregue há doze meses, sem qualquer resposta, não será de ir bater à porta de outrém?
A justiça é a âncora do Estado. Do Estado que se quer de direito. E alguém percebe o que aconteceu com o caso Fatima Felgueiras?
De presa potencial é agora mandada apenas com uma restrição: não poder ausentar-se para o estrangeiro.
Como podemos ter um mínimo de confiança nestes juízes que decidem de formas tão contraditórias. Que justiça esta? Que influências estas? Que leviandade esta?
Meus senhores juízes, no meio de tanto imbróglio, de tanta incompetência bem visível, que se reproduz em cada caso minimamente complexo, acham que se podem dar ao luxo de continuar a reivindicar regalias especiais que a vossa conduta, de forma alguma, justifica?
2005-09-20
Os prós e os contras
O ministro aguentou-se bem. Sereno, já a dominar o jargão, a mostrar conhecer os dossiês.
O General Loureiro dos Santos: "há anos e anos que se arrasta... "Vai avançar ainda este ano!" Por duas vezes Luís Amado conseguiu mostrar serviço.
O ex-Cema Almirante Vieira Matias disse que foram retiradas, no passado, à Força Aérea competências no ataque aos incêndios. Conviria averiguar que Governo o fez e porquê. Ele não insinuou, afirmou mesmo que talvez fosse para proporcionar negócios.
Adriano Moreira ainda que subliminarmente tentou traçar um perfil sobre o presidente da República de que o país precisa que casasse melhor com o professor de Boliqueime.
Fátima Campos Ferreira talvez inibida pelas fardas não interrompeu tanto como das outras vezes todos os raciocínios que ultrapassem duas balelas e assim lá conseguimos saber mais ou menos o que pensavam os seus convidados. Concordo, no entanto, que como ela pretende a coisa fica mais mexida.
Manifestação de saias
A manifestação convocada pelas mulheres de militares foi autorizada pelo Governo que proibiu entretanto os militares do activo de participarem.
Julgo que as ordens do Governo serão respeitadas. Mas apesar disso haverá festa rija. E legal. Vaticino a presença de muitas mulheres de militares e muitos militares na reserva e na reforma que aliás já eram a maior parte dos que temos visto nas televisões a defender o "prestígio" das Forças Armadas.
Com a juda da televisão vão dar mais um deprimente espectáculo da "coesão", "disciplina" e "brio" das Forças Armadas. Vão-se prestigiar junto de quem? Junto de 10 ou 15 % dos portugueses, tantos quantos seguirão as palavras de ordem de Jerónimo de Sousa e de Louçã. Não irão prestar bom serviço à Instituição que pretendem ver prestigiada. Se é que querem!
Claro que os militares das associações invocam e em parte com razão a degradação para que sucessivos Governos tem deixado resvalar as FFAA e com elas os militares. Nem tanto pelos precários armamentos e condições de funcionamento mas mais pela indefiniçao do seu papel e das suas missões no todo nacional. Mas e é aí que bate oponto. É que nunca vimos convocar manifestações nem esta exaltada combatividade pelo "prestígio" das Forças Armada que não fosse na estrita defesa de vencimentos ou regalias.
A importância relativa das FFAA diminuiu no contexto nacional. Os militares já não fazem os sacrifícios que tiveram de fazer nas guerras coloniais. E o prestigio que adquiriram (mérito que não foi de todos) com o levantamento militar que derrubou Marcelo Caetano e que abriu as portas à liberdade, à democracia e à revolução foi há 31 anos.
Os militares como os restantes portugueses tem direito a exigir remunerações e outras condições condignas. Mas sem pôr em causa a confiança que a comunidade deve ter neles. A comunidade ou pelo menos a esmagadora maioria dela.
Num momento de imperativas restrições orçamentais em que é imprescindível diminuir as despesas do Estado os militares que aspiram a ser o "espelho da nação" estão, talvez sem se aperceberem, a dar um mau exemplo e uma fraca imagem de si.
2005-09-19
Euro em queda
O resultado eleitoral alemão não trouxe nada de bom à saúde do Euro. O Euro entrou em queda. A maior economia europeia está em situação de grande incerteza, perante os resultados eleitorais que aconteceram. E a grande interrogação é : que governo daqui advirá?
A incerteza é grande. Ainda muita água vai correr, incluindo o risco de novas eleições, a prazo.
Para a Europa, é má situação e o primeiro resultado está á vista: a queda do Euro, o petróleo mais caro, temporariamente, é certo, mas é o que deu.
É preciso aguardar, apesar da surpresa, que pode, eventualmente, desencadear outras surpresas bem mais agradáveis, consoante o ângulo em que cada um se coloca. Não poderão surgir grandes surpresas por estas terras tão pacatas? Quem vaticina o contrário?
Mas há "musas desesperadas" para quem tudo parece perdido !!!
Côr e balanço
Gentileza do meu amigo Pessanha
Aposto dobrado contra singelo
Como o Aníbal só vai apresentar-se na antevéspera do acto eleitoral. Quando já não é permitido aos candidatos andarem para aí em comprometedores debates e desagradáveis confrontos de ideias. Ele é as autárquicas, ele é Fátima, ele é o Orçamento de Estado... e depois, logo aparecerá qualquer coisa. Os pastorinhos ou a Irmã Lúcia.
O CONTRATO
Opinião do "Capitão do 25 de Abril", actualmente coronel na reserva, David Martelo, relativamente às razões subjacentes às movimentações das associações militares:
"No passado dia 22 de Junho, o sr. Ministro da Defesa Nacional (MDN), a propósito das medidas de austeridade que o novo governo se preparava para adoptar, declarou o seguinte:«As Forças Armadas (FA) "não podem ficar à margem do esforço de ajustamento" que o país terá de fazer para resolver os "problemas complicados" do défice das contas públicas.»
Deve admitir-se que, no contexto em que foram produzidas, estas declarações podem considerar-se sensatas, justas e passíveis de grande aceitação. Todavia, pelas mesmas razões, numa época de maior abundância, também às FA e aos militares caberia o usufruto das melhorias operacionais e sociais concedidas à generalidade dos cidadãos. E é aqui, precisamente, que o MDN perde a razão toda. Se esta argumentação fosse séria, os militares teriam sido beneficiados durante a última "época de vacas gordas", quando a despesa pública aumentou em praticamente todos os sectores do Estado. Sabemos, melhor do que ninguém – e as estatísticas não deixam de o evidenciar –, que foi justamente na década de 90 que as restrições orçamentais se abateram, impiedosamente, sobre as Forças Armadas. Basta citar um exemplo:
em 1979, um coronel/capitão-de-mar-e-guerra tinha um vencimento-base de 22.700$00, exactamente o mesmo de um professor catedrático; em 1998, o militar passou para 422.000$00 e o professor para 682.100$00, estabelecendo uma diferença de mais de 61%.
(O artigo, devido à extensão, continua [aqui] no Puxa Palavra in Extenso).
2005-09-18
MEC no seu melhor
O país anda deprimido. Por causa da crise económica e do túnel com uma luzinha ao fundo apenas bruxulheante. Mas anda com insónias e irritadiço também por causa do tremendismo, já não digo das oposições, que isso é o habitual, mas de grande parte da opinião escrita que, por disfunção mental, pendor ideológico ou para vender melhor, vê o fim do mundo (ou do país) a cada virar de esquina.
Ou é o Governo que não mudou a crise em maná, que não substituiu a ignorância dos empresários e dos trabalhadores em sabedoria ou é Sócrates que não converteu os corruptos em gente séria, que não tiroteou os aparelhos partidários e seus apetites ou que ambos não transformaram em bons os maus costumes do país. E tudo isto era o mínimo que os tremendistas da opinião, com legítima expectativa, esperavam. Em, no máximo, seis meses!
Estava eu neste sufoco de pessimismo quando o Miguel Esteves Cardoso me oferece AS BELAS INTERRUPÇÕES como quem diz: vá lá... um momento de paz.
"Por todas as razões erradas, têm sido empolgantes os debates entre candidatos autárquicos que a SIC Notícias tem transmitido. E as razões erradas, como sabem os connoisseurs, são sempre as melhores. Eles ofendem e ofendem-se; provocam e deixam-se provocar; interrompem-se; digladiam-se; esfarinham-se. Então o confronto de Carmona Rodrigues e de Manuel Maria Carrilho, transmitido na quinta-feira à noite, foi o melhor de todos.
Mandaria a lengalenga que se lamentasse a "ausência de um verdadeiro debate de ideias" e - pior ainda - de "uma discussão rigorosa dos dossiês". Mas é muito mais instrutivo (e divertido, claro) ver os candidatos, teoricamente adultos e serenos perante as responsabilidades do cargo que pretendem ocupar, portarem-se como criancinhas delinquentes no recreio - precisamente quando a professora está a ver.
Os realizadores e bons jornalistas da SIC que orientaram os debates (por alguma razão ditos "moderadores" perante os presumíveis "extremismos" de quem debate) - tiveram, desta vez, a inteligência e generosidade de deixá-los bulhar à vontade.
Embora retivessem alguns tiques do estilo tradicional - como a cronometragem obsessiva do tempo de antena de cada um -, era com pouca convicção que os exibiam...
Ao contrário do que se diz, é muito fácil ouvir duas pessoas a falar ao mesmo tempo. Eu diria até que é mais fácil do que ouvir uma só, dada a ameaça do sono. Sobretudo quando nem um nem outro, por estarem a ferver com o calor do combate, está a dizer uma coisa que merecesse o silêncio envolvente - e muito menos uma atenção individida." [
O resto aqui]
Frases da campanha
Quem disse:
1) "Eu também sou bom" - em resposta a um, da feira, que exclamou com convicção, "a Bárbara é BOOA!"
2) "Vou a Amarante todas as vezes que forem precisas para lutar contra candidatos bandidos."
Schroeder recupera ao sprint
Às 22 h de Lisboa as projecções davam Gerhard Schroeder a recuperar e apenas a 1 ponto percentual de Angela Merkel.
Partido ou Coligação | Projecção às 22 h de Lisboa, hoje (DN) | Sondagem antes da votação (Margens de Erro) |
---|
CDU/CSU | 35,4 | 41,5 |
SPD | 34,2 | 32,5 |
FDP-(P.Liberal) | 10 | 8 |
Verdes | 8,1 | 7 |
P. da Esquerda | 8,5 | 8.5 |
Se estes fossem os resultados, uma coligação da direita com os liberais, como existiu com Kohl, somaria 45,4% dos votos e uma coligação como a que agora governa SPD/Verdes teria 42,3. Ambas sem maioria absoluta e sem perspectivas de estabilidade. Mas se houvesse coligação de toda a esquerda, muito difícel de concretizar, SPD/Verdes/P. da Esquerda então a soma daria 50,8% e garantiria um governo estável (pelo número mas instável pelo antagonismo programático) e o convite do Presidente da República.
O Partida Esquerda, formação recente, é constituído pelos dissidentes do SPD que acompanharam Oskar La Fontaine, ex-ministro de Schroeder e os ex-comunistas da extinta RDA.
Ruben, Borges (o de cá) e o discurso "antipartidocracia"
Ia a passar, olhei para o lado e quem vejo? O Ruben! O Ruben da CDU (ainda que eu por portas e travessas saiba muito bem que ele é do PCP) à parte os cumprimentos e aquelas coisas que se dizem por dizer, que disse o Ruben? Pois disse umas coisas muito bem apanhadas sobre aquele Sr. Dr. ou Professor Borges, uma "reserva da nação" do PSD, independente e não político como convém dizer a ouvidos tolos que eles julgam haver muitos entre a gente que desprezam mas cujo voto não descobrem maneira de dispensar.
O Ruben:
"Numa longa e, já se vê, nada inocente entrevista à Visão, o perfilado candidato à liderança do PSD António Borges desenvolve pouco imaginativamente o discurso "antipartidocracia" que parece ter passado a constituir temática obrigatória de qualquer candidato a líder... partidário" "António Borges fez a notável descoberta de que "os partidos transformaram-se em máquinas de assalto ao poder", o que torna inevitável uma pergunta ao astuto teórico antes de serem isso, os partidos eram o quê?"
[A conversa apesar da pressa, mais dele que minha, por causa da Câmara de Lisboa, não foi além de mil caracteres. Está registada aqui para um incauto leitor]
2005-09-17
Governo obriga Chefe da Força
Aérea a recuar nas críticas". É a caixa da 1ª página do DN de hoje [link] que continua: "Chefe do Estado-Maior da Força Aérea voltou às críticas depois do almoço promovido por Sampaio. Gen. Taveira Martins recua após reunir com Luís Amado e Pedro Silva Pereira"
Ao lado o cartaz da convocatória das mulheres de militares das associações.
Entretanto, no Expresso, Saldanha Sanches não está com meias medidas:
"..Mas se há comportamento que desafiam explicação é o dos militares. Com sargentos e oficiais na praça pública numa espécie de união sagrada contra a redução da despesa pública. Vamos falar claro: eles deviam ter percebido já que a principal diferença em relação aos demais funcionários públicos (dos quais falam com indisfarçável desprezo) é a sua completa inutilidade... Se elas deixam de ter disciplina é porque já não são Forças Armadas." Caricatural. Mas, talvez seja essa a intenção.
Não há link para o Expresso.
Uma voz incendiada contra os fogos
Florbela Espanca [Árvores do Alentejo, Sonetos]
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
2005-09-16
O Eng: Carmona Rodrigues
Ontem, no frente a frente da SIC, entre Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho, alguém terá instruido Carmona para puxar dos galões de Engenheiro para defender até o absurdo. E ele assim o fez.
Aliás Carmona, em todos os debates, tentou puxar sempre esses galões. É evidentemente que ontem por estar frente a Carrilho que é o candidato melhor colocado para lhe disputar a Presidência foi até ao extremo.
Afinal de tanta engenharia que tem na cabeça, tem-se esquecido de obras estruturais no caneiro de Alcântara como esta manhã ouvi o Presidente do LNEC dizer na TSF, as quais estão a põr em causa os fundamentos de alguns pilares da ponte 25 de Abril e até do Aqueduto das Águas Livres. Segundo ouvi o diagnóstico é conhecido desde Carmona Rodrigues Ministro e Santana Lopes Presidente. Depois foram analisadas pelo LNEC as medidas transmitidas à Câmara e até hoje nada.
Serão estas as "virtudes" de um Engenheiro Ministro/Presidente?
"Controller" nos Ministérios
O Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, pretende promover a figura criada por uma das 50 medidas do então ministro Pina Moura, o de "controller" dos gastos públicos em cada ministério que nunca foi posta em prática.
É uma figura muito usual no mundo empresarial e que poderia ser útil, se bem transplantada para a AP.
No entanto, as dificuldades não serão poucas na sua adaptação. Antes e acima de tudo, a criação desta instituição não pode estar imbuída do espírito de "fiscal", o que desde logo levanta problemas pelas ideias reinantes no MF.
Mas as dificuldades advêm de uma outra questão também de fundo. Para que esta medida funcionasse eficazmente era preciso que cada Ministério tivesse uma estratégia com objectivos bem determinados e que o orçamento fosse concebido articuladamente com tudo isso. Caso contrário é mais uma ideia "boa" que vai morrer e até pode conduzir a um aumento do laxismo nas estrturas de cada ministério.
A situação actual
GNR: 46.726 efectivos (activo+aposentados) com as famílias 123.061 beneficiários.
PSP: 38.313 efectivos (activo+aposentados) com as famílias 102.727 beneficiários.
Comparticipação nos medicamentos a 100% incluindo familiares e uso gratuito de hospitais militares.
Tal como os militares não descontam para a assistência na doença. O Estado gasta em euros com cada beneficiário:
GNR 1.697 - PSP 2.207 - Função pública 1.071
(Fonte:
Ministério da Administração Interna.)
Segundo outra fonte - artigo de Helena Pereira no Público de 2005-06-21 (link só para assinantes)
"as despesas de saúde "per capita" [presumo que a dissemelhança dos valores resulta de aqui se contarem os familiares] " são, nos Serviços de Assistência na Doença da PSP, de 933,1 , o que é mais do dobro de um funcionário público beneficiário da ADSE, 449,2 euros. A saúde dos funcionários do Ministério da Justiça vem em segundo lugar, custando 374,1 [será 874?] euros por pessoa, e depois os militares, com 744,9 euros, em 2003."
O que perdem os militares
"Contudo e de forma a pormenorizar as perdas aqui verificadas, passo a descrever de forma concisa e objectiva as penalizações: (Discurso, do presidente da Associação dos Praças da Armada em 14 de Julho passado, no encontro das 3 associações de militares, em Almada)
"- O cônjuge deixa de ter direito à assistência na doença, excepto se comprovar que não beneficia de qualquer outro regime de protecção social;
- A equiparação à ADSE na comparticipação em medicamentos e na comparticipação de actos médicos no regime livre;
- Pagamento de taxas moderadoras idênticas às do Serviço Nacional de Saúde pelo uso dos Hospitais Militares;
- Manutenção dos postos de saúde para fins exclusivos no âmbito da Medicina no Trabalho; - Desconto de 1% no vencimento, como quotização para a ADSE."
2005-09-15
Tempo de guerra e tempo de parada
[A reforma proposta pelo Governo aos sistemas de saúde dos militares] irá traduzir-se num grave prejuízo financeiro para os agregados familiares dos militares e de forma injusta, pois de forma alguma se poderão nivelar comparticipações, quando aos restantes funcionários públicos não são feitas exigências físicas e mentais como as que são feitas aos militares e seus familiares ... (o sublinhado é meu).
disse no seu discurso, o CAB T Luís Reis, presidente da Associação dos Praças da Armada, num encontro das três associações de militares, AOFA, ANS e APA no Pavilhão Municipal de Desportos de Almada, em 14 de Julho último.
Estes militares que invocam as exigências da condição militar, como o sacrifício da própria vida em defesa da pátria, para usufruirem de certas regalias, não estão dispostos a abrir mão de alguns privilégios e a partilhar com os restantes cidadãos alguns sacrifícios que viabilizem a governabilidade do país!
O Governo promete não claudicar perante a gritaria
Existem actualmente sete subsistemas de saúde públicos - ADSE (função pública), ADME (Exército), ADMA (Armada), ADMFA (Força Aérea), ADMG (GNR), SAD PSP, SSMJ (M. Justiça) que abrangem 1.800.000 beneficiários. Com excepção da ADSE os outros subsistemas beneficiam também os respectivos familiares se não têm nenhum sistema de saúde ou se quiserem optar por estes melhores.
Estas situações particulares têm de ser pagas pelo orçamento de Estado que o mesmo é dizer pelos impostos da maioria dos cidadãos a quem o Estado disponibiliza per capita menos de metade ou mesmo menos de uma quarta parte do orçamento que dispensa àqueles.
Do milhãio e oitocentos mil beneficiários mais de 75% são da ADSE. Por seu lado cerca de 40% dos beneficiários da ADSE dividem-se por um infindável número de regimes particulares conforme a profissão. Uma floresta de regimes especiais nada transparente.
A reforma em marcha visa transformar aqueles sete subsistemas num só o da ADSE e paulatinamente a ADSE no regime geral. Salvaguarda direitos adquiridos, cria períodos de transição e mantém algumas especificidades no que diz respeito aos militares. O processo tem sido conduzido em negociação com sindicatos e associações de militares. Aqueles e estas queixam-se que o Governo (acusado por alguns exaltados de proto-fascista) não aceita a maior parte das suas objecções. É natural. O Governo é suposto que represente o interesse geral e não os interesses particulares daquelas corporações ou classes profissionais favorecidas e a maioria do país espera que não claudique perante a gritaria. O que se tem vindo a confirmar.
Mas, afinal, quem são eles?
Militares à Civil
Estão zangados. Façamos um pequeno esforço para compreendê-los. Uns fizeram a Revolução de Abril; outros seriam capazes, na ocorrência, de voltar a fazê-la; outros, ainda, são irmãos, primos, amigos de Salgueiro Maia e Diniz de Almeida, Vasco Lourenço e Melo Antunes. Rostos conhecidos. Gentes de cá. Aquele, ali, é meu vizinho; aqueloutro esteve na Bósnia. Levaremos, agora, a servidão militar ao ponto de não os reconhecer como nossos concidadãos, compatriotas, companheiros de infortúnio quando, em todas as paradas, o toque é de sacrifício, imposto, em silêncio, por quem nos governa?
Estes são os nossos militares. Levar a servidão mais longe é tornar o Estado ainda mais esquizofrénico do que já é. Que Estado haverá quando todos os funcionários públicos se virarem para um lado e o Governo para o outro?
Estamos à beira de confundir firmeza com insensibilidade.
Estes são rostos de gentes como nós.
Não estão de acordo e querem discutir.
O que é que não se pode discutir em democracia?
Empresários e patrões.
Desajustamentos
Às vezes os empresários distraem-se e põem-se a falar como patrões. Ludgero Marques, terça-feira passada, fez um apelo diante das câmaras de televisão. Os funcionários públicos (militares incluídos, é evidente) deviam seguir o exemplo dos trabalhadores do sector privado e, em vez de movimentações, reivindicações, protestos e alarmes, dedicarem-se abnegadamente às suas tarefas. Se necessário, fazendo horas extraordinárias, gratuitamente.
Decididamente, não nos entendemos. Depois do congelamento das carreiras e dos salários, o que é que o patrão dos empresários tem a propor para facilitar a retoma? Trabalho gratuito? Mas essa questão não tinha já sido arrumada há dois séculos?
Ai, a Noruega!... (1)
Abandonar os cenários de guerra (Afeganistão e Iraque); forçar a saída da Noruega da NATO; manter a «carga fiscal» e melhorar a dimensão social das políticas públicas, enfim, considerar a política externa dos EUA como um dos factores de maior desestabilização das relações internacionais. Compreende-se a falta de entusiasmo e, nalguns casos, o silêncio que se seguiu aos resultados.
A coligação Vermelha e Verde promete!
As chefias militares
através de declarações do CEMGFA, manifestaram apoiar sem reservas as medidas do Governo. O Almirante Mendes Cabeçadas afirmou que tendo em conta a situação de necessária contensão orçamental os militares não se devem pôr à margem de medidas que devem abranger todos os "servidores" do Estado.
Alguns militares consideram que as chefias são pouco atreitas a ouvir os subordinados e menos ainda a ouvir ou receber as associações o que não só não lhes diminuiria a necessária autoridade como evitaria situações de choque entre Governo e militares. Mas isso provavelmente também não agradaria a alguns dirigentes associativos que manifestam uma forte motivação pela agenda política.
A esmagadora maioria dos manifestantes militares encontra-se na reserva ou na reforma mas, segundo alguns, eles traduzem o descontentamento dos que estão no activo. Descontentamento que se acumula desde há dezenas de anos com a perda da visibilidade da importância das Forças Armadas, com indefinições no plano estratégico ou no âmbito das missões, com os constrangimentos orçamentais e com a diminuição do estatuto remuneratório relativamente a outras classes a que já estiveram equiparados como é o caso da magistratura.
Sem ser dramático o braço de ferro entre as associações de militares e o Governo não deixa de criar algum alarme na sociedade civil por parecer prejudicado o papel das Forças Armadas como garante do regime democrático e questionada a autoridade do Estado.
Se o país deve esperar e exigir autoridade ao Governo não deve desejar que este seja autoritário. Razoável é o cumprimento estrito das leis como tem acontecido e que comporta o legítimo direito de protesto das associações dentro dos limites da dignidade que tanto e legitimamente reivindicam e não deve ser identificada exclusivamente com vencimentos e regalias.
2005-09-14
As mulheres dos militares
vão convocar a manifestação que os tribunais interditaram aos maridos. Havendo desde há alguns anos mulheres militares a manif vai ser provavelmente convocada também pelos maridos das mulheres militares? Ou não?
A ideia é infeliz mas não é nova. O expediente já foi usado em situação idêntica mas então, por próximo dos anos da revolução, era desculpável.
Obviamente que a ingénua estultícia não vai ter acolhimento em nenhum tribunal e busca a agudização do conflito com o Governo em vez de procurar outras linhas para a resolução do que é mais questionado pelos militares e é já quase só simbólico.
O recurso ao tribunal foi uma solução que salvou a face ao Governo e às associações. O "aumento da parada" com a cogitada manifestação "travesti" ganha um carácter provocatório, não ajuda à boa imagem que o país deve ter dos seus militares e não abona alguns dos líderes associativos que assim parecem desdenhar uma conduta equilibrada.
Mais do que a substância choca a atitude provocatória e ameaçadora de alguns activistas (que seria aceitável, por exemplo, em sindicato de causticados mineiros) em contraste com outros cujas sensatas intervenções retiram às acções reivindicativas o facies "armado".
2005-09-13
11 de Setembro - 4 anos depois
Para não deixar passar em branco o Dia do Grande Terror em Nova York fui ver ÁGUAS SILENCIOSAS.
Um belo filme a não perder. Ainda está aí. Mas por pouco tempo, creio. Agora no Quarteto em Lisboa.
Mostra-nos como o fundamentalismo religioso, ao serviço de interesses que permanecem na sombra, pode em determinadas circunstâncias ganhar multidões. E levá-las a renegar os valores humanistas que são o cimento da tolerância, da solidariedade, da igualdade dos sexos, do respeito pelos outros, do amor. Revela como os jovens, especialmente os jovens, porque inexperientes, se tornam fáceis presas de fanáticos, de agentes do ódio, do terror e da morte.
A Noruega a Votos (2)
Volto a este tema, primeiro para corrigir o meu post anterior, pois as eleições foram a 12 e não a 11 como escrevi. Segundo, para me congratular com os resultados eleitorais.
O Centro Esquerda ganhou e por uma maioria mais expressiva que o esperado. Algumas das diferenças programáticas começam a vir ao de cima como a retirada das tropas norueguesas do teatro da guerra. Será positivo que esta linha social democrata à espanhola se consolide. E o Estado Providência, de novo tipo, começa também a estar na ordem do dia. Aguardemos.
Sinais de Esperança
A esquerda venceu na Noruega. O Partido Trabalhista, a Esquerda Socialista e os seus aliados (a Aliança Vermelha e Verde) conseguirão a maioria dos assentos no Parlamento. A derrota da direita e das receitas neo-liberais é assinalável.
Como o nosso actual Primeiro Ministro vive de olhos em alvo nos países nórdicos, resta-nos, ainda, alguma esperança.
Depois, por cá, as associações militares deram prova de razoabilidade e declaram só ir para a manifestação se o Tribunal não a considerar ferida de ilegalidade. Não sendo o Governo capaz de negociar (parece que a doutrina dominante agora se opõe a quaisquer negociações, desde que os interlocutors não sejam grandes grupos empresariais) então que sejam as associações militares a mostrarem o seu sentido de… justiça.
Pelo menos, por hoje, podemos dormir descansados.
Até logo.
2005-09-12
Loureiro dos Santos na SIC Notícias
Acabo de ver e ouvir o Gen. Loureiro dos Santos, na SIC Notícias, sobre o imbróglio das manifestações das FA. Tentando agradar a todos, para a esquerda, para a direita, abaixo e acima, só confundiu e nada disse sobre a luta das forças armadas e seus objectivos.
Dificilmente convenceu sobre aquilo que as pessoas sentem. As FA são um corpo institucional que perde funções, porque cada vez são menos necessárias com a actual dimensão e sem uma séria redefinição de funções neste país e que, ao fim e ao cabo, avançam com uma luta corporativa de defesa de regalias de outros tempos e condições de acção muito diferentes.
No momento presente, há que rever as suas funções e dimensionamento.
Têm a seu favor um argumento formal: As entidades políticas que os superentendem agiram de forma desastrada e, nesse contexto, complicaram a situação e dão aso a muitas reacções políticas.
Atenção!!! Há que ver o país e não entrar numa perspectiva de política curta de vistas. Mas tudo contribuiu para isso.
Chegamos a uma fase que não se resolve com a lei. Entrou- se no disparate que abrange todos e só perde o país, indo por este caminho. è preciso algum bom senso.
2005-09-11
Luis Delgado (LD) de saída... da Lusomundo?
Custa a crer .... mas era bom que LD nos deixasse de massacrar com aquela sua coluna diária tipo conversa em família.
Da Administração
, a crer na revista Visão,
é garantida a saída. E o seu advogado na contenda com Joaquim Oliveira é Morais Sarmento, aliás um dos seus padrinhos mais recentes. Basta olhar para a carreira dos últimos anos de LD.
De colunista, nada se sabe. Mas o produto que fabrica de há muito que deixou de ser um bem transacionável. A direita mais exigente prefere um produto mais burilado: um outro LD mais inteligente.
A Noruega a votos
Neste 11 de Setembro, o país mais rico do mundo vai a votos. O país onde os salários são talvez os melhores, onde a carga fiscal é também das mais elevadas da Europa e do mundo. Onde a fuga aos impostos é tido como anátema social.
A Noruega tem apresentado um crescimento económico invejável, cerca de 5% de média anual, nestes últimos anos, na base de um aumento constante de produtividade sustentada na inovação. Disfruta ainda de uma situação quase única da balança comercial e das contas públicas.
Poder-se-á alegar que são os petrodolares, a origem de tudo isto. Sem dúvida que muito ajudam. Mas sem uma grande eficiência de gestão e uma aposta firme na inovação não chegavam lá.
Numa Noruega governada por um governo do centro direita, parece-nos "líquido" que seja este governo a sair vencedor. Ainda mais a sua proposta chave para estas eleições é a baixa dos impostos !!.
As sondagens contrariam esta situação, dando a maioria aos trabalhistas que apostam num modelo de Estado mais intervencionista, apontando para uma maior correcção das desigualdades sociais que não são de longe nem de perto semelhantes às de Portugal.
Muita gente de fora deve estar a questionar-se. Que estranho povo é este. Vive bem e quer mudar. E a aposta é num Estado mais forte mais intervencionista. Num Estado eficaz. Isto não tem mesmo nada de modelo americano. As cabeças são outras. Pois, pois ...
Outro "anti-americano"?!
Já sabia que Colin Powell dava umas espreitadelas aos blogs portugueses agora o que não suspeitava é que andasse a ler os blogs "errados".
Então não é que culpa a Administração do seu antigo patrão W. Bush no caso do furacão Katrina?
Segundo os padrões dos nossos atentos zeladores pró-americanos ele está irremediavelmente ferido do pecado de "anti-americanismo".
"I think - diz o antecessor de Condoleezza Rice -
there have been a lot of failures at a lot of levels — local, state and federal. There was more than enough warning over time about the dangers to New Orleans. Not enough was done. I don't think advantage was taken of the time that was available to us, and I just don't know why," Powell told ABC News' Barbara Walters
As manifestações dos militares
foram proibidas pelo Governo com base na lei. A lei permite que os militares fora do serviço, à civil, como cidadãos, participem em manifestações mas não autoriza que convoquem ou organizem manifestações.
As associações de militares das três classes, oficiais, sargentos e praças se têm outra leitura podem recorrer da decisão do governador civil para os tribunais.
Alguns destes dirigentes associativos tem tido comportamentos inadmissíveis. Ao contrário de outras classes profissionais não são toleráveis aos militares, a quem o país entregou o poder de uso das armas, excessos verbais eivados de ameaças contra o Governo democraticamente eleito. E o Governo não pode fingir que não percebe sem perda da inalienável autoridade civil sobre o poder militar.
Mas talvez tivesse podido evitar-se esta situação de confronto entre Governo e associações militares com um maior investimento no diálogo, apesar de se saber que boa parte dos associativos tem uma agenda política muito ambiciosa!
A antecipação de Outubro para Agosto da aprovação das medidas que justamente compreendem as Forças Armadas terá contribuido para isso.
Soares à Presidência (7)
«Apoio dois candidatos presidenciais. Se tiver de votar num, apenas, então... logo se vê.»As presidenciais prometem. Apesar de dependuradas das autárquicas, vão-se sucedendo episódios novelescos, dignos de, mais tarde, serem recordados em sequência, tal é a manha e a desfaçatez patenteadas pelos actores políticos em presença.
Soares decidiu não dizer nada acerca da jogada de antecipação relativamente a Alegre. Os arraiais Soarista (ou recém convertidos) aprovaram, reverencialmente. Assim, Soares ficou, à partida, a valer um pouco menos do que valeu em refregas anteriores. Não há azar, dizem os entusiastas. Mais tarde, logo se vê...
Entretanto José Saramago surge com um lance inovador. Apoia Mário Soares e, ao mesmo tempo, Jerónimo de Sousa. Mas quem apoiará nas urnas o Nobel do «Voto em Branco»? Ter-se-á ele lembrado de que, em concreto, só poderá votar num? Ao ler as suas declarações, depreende-se que o que lhe interessa é derrotar o candidato de direita. Quererá ele dizer que apoia Jerónimo na primeira volta e Soares na segunda? Talvez, se houver duas voltas...
Consta que Belmiro de Azevedo, após a prestação do Governo e da inultrapassável simpatia do Primeiro Ministro (que pousou para a posteridade accionando as cargas explosivas que trouxeram ao chão as patéticas construções da antiga Torralta), ficou sem saber que fazer. Todavia, a argúcia do nosso segundo Prémio Nobel, fê-lo soltar um eureka de alívio.
Apoiará Soares e Cavaco. Cavaco, na primeira volta; Soares, na segunda, se tiver de ser...
Afinal o que ele não quer é que a esquerda e/ou a direita lhe entravem os negócios. Neste ponto, tem Belmiro razão. Defende os seus interesses, direitos, capital acumulado, investimentos e projectos de futuro. Todos os portugueses o compreendem e desejariam semelhante apoio, estímulo e compreensão do Governo da República. Porém, nem todos têm tanta importância como ele e os seus grupos empresariais.
Essa é que é uma grande chatice. E o Governo, ao colar-se aos empreendimentos da Sonae Turismo de forma tão excessiva e simbolicamente subserviente, está a reduzir (ainda mais!) a base social e política de apoio para o seu mandato.
Por este andar, só lhe restará mesmo a Maioria Absoluta.
Mais tarde, perceber-se-á para quê.
2005-09-10
O Fórum Novas Fronteiras
"prestou contas", hoje à tarde, no CCB, em Lisboa, de "Seis meses de Governo" e afirmou "preparar o futuro com confiança".
Falaram Joaquim Gomes Canotilho, José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues (ministra da Educação) Vital Moreira e António Vitorino.
Sócrates afirma prosseguir as reformas do Estado sem ceder a manifestações, greves, ou outras pressões que procurem sobrepor interesses particulares ou corporativos ao interesse geral e sem submissão aos calendários eleitorais. (foi a passagem mais aplaudida).
A boa conclusão é que a procissão reformadora ainda só vai no adro.
O Orçamento de Estado para 2006 a ser apresentado, sem atrasos, em Outubro, prevê baixar o défice de 6,2 para 4,8% do PIB, em 2006, com base na diminuição das despesas e sem as camuflagens das vendas de património e ocultação de despesas.
A colocação de 1000 jovens licenciados em gestão e tecnologias em pequenas e médias empresas será cumprida em Outubro.
Sócrates não prometeu baixar o petróleo nem criar uma conjuntura internacional favorável ao desenvolvimento económico. Fez bem. Talvez consiga os outros objectivos.
As Presidenciais
Defendi e continuo a defender que a candidatura de Mário Soares era, nas circunstâncias em que se encontra este país, a mais indicada à esquerda para derrotar a direita na personalidade de Cavaco Silva.
Mário Soares apresentou-se, como candidato e, acho que a (s) esquerda(s) está a pensar e a agir bem. Apresenta os seus dirigentes máximos como candidatos devendo estes, em meu entender, medir votos nas urnas.
Duas razões para i
sso. Uma de ordem democrática - diferenciação de projectos nesta matéria porque não se conhece se existem. Outra, de mobilização para a segunda volta das presidenciais, porque de uma grande mobilização se precisa, fazendo alguma fé nas sondagens que indicia uma parte significativa do eleitorado PC e BLOCO a uma eventual votação no candidato de direita à 2ª volta.
Por outro lado, Mário Soares deve estar atento aos sinais da sociedade. Não terá um caminho fácil, como mostram as sondagens, sobretudo na atracção dos mais jovens, para o seu lado. E trata-se de segmento muito amplo que vai, pelo menos, até aos 35 anos. Uma das grandes objectivos da campanha deve consistir no como promover as suas ideias políticas junto deste eleitorado.
A direita, com um único candidato do PPD/PSD, tende para o monopartido. O CDS/PP poderia auto suspender-se à espera de melhores dias ou então dissolver-se, após as autárquicas, porque tendencialmente só fica Daniel Campelo, o do queijo limiano, exacto, para manter a vela acesa. E este monopartido tende para, em breve, ser tomado por Ferreira Leite.
O Ministro da Defesa
O Ministro Luis Amado está a trilhar terrenos bem pantanosos e pelos pântanos nunca se sabe... aonde se chega.
Não é sobre as medidas no tocante aos novos sistemas de passagem à reserva ou à reforma , à assistência na doença, etc., que me refiro.
Reformar parece ser uma linha de orientação deste governo e ficaria mal a um Ministro não a tentar concretizar.
Além disso, quando chegam as medidas de austeridade, todos devem ter a sua quota parte. "Alguns entendidos", puxando a brasa à sua sardinha, dizendo que a "profissão militar é diferente das outras profissões da AP", para sustentar condições melhores e nunca piores face a todas as outras profissões. Mr de la Palisse não diria melhor.
Podemos discutir e bem se essa quota parte está a ser distribuida equitativamente, mas essa é outra questão.
A questão que me preocupa é a da "Autoridade do Estado" que o Ministro da Defesa vem invocando ... ao fim e ao cabo o processo como o Ministro está a lidar com o problema.
É preciso autoridade, sem dúvida. Mas não sei se a autoridade se sustenta e desenvolve, através da proibição de manifestações. Independentemente de uma interpretação restritiva da lei, que pode dar razão ao Ministro, não me parece um bom trilho para prosseguir com o processo.
Só me interrogo, extremando posições, quem vai recuar? Seria preciso ter aí chegado? O Presidente da República assiste, mas como?
2005-09-09
Ontém e Hoje, na Vizinhança, Aqui, ao Lado e em Troia
{Francisco de Quevedo y Villegas, 1580-1645, Poderoso Caballero es Don Dinero}Madre, yo al oro me humillo,
Él es mi amante y mi amado,
Pues de puro enamorado
Anda continuo amarillo.
Que pues doblón o sencillo
Hace todo cuanto quiero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.
Nace en las Indias honrado,
Donde el mundo le acompaña;
Viene a morir en España,
Y es en Génova enterrado.
Y pues quien le trae al lado
Es hermoso, aunque sea fiero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.Son sus padres principales,
Y es de nobles descendiente,
Porque en las venas de Oriente
Todas las sangres son Reales.
Y pues es quien hace iguales
Al rico y al pordiosero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.¿A quién no le maravilla
Ver en su gloria, sin tasa,
Que es lo más ruin de su casa
Doña Blanca de Castilla?
Mas pues que su fuerza humilla
Al cobarde y al guerrero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.Es tanta su majestad,
Aunque son sus duelos hartos,
Que aun con estar hecho cuartos
No pierde su calidad.
Pero pues da autoridad
Al gañán y al jornalero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.Más valen en cualquier tierra
(Mirad si es harto sagaz)
Sus escudos en la paz
Que rodelas en la guerra.
Pues al natural destierra
Y hace propio al forastero,
Poderoso caballero
Es don Dinero.
2005-09-08
Li o artigo de Pacheco Pereira
no Público de hoje. Como o leio frequentemente... frequentemente já sei o que vai dizer. Até nem discordo de tudo. Mas apesar do esforço, inteligente e bem arquitectado, até em evitar as verdadeiras razões que fazem as esquerdas (e até certas direitas!) não apreciarem o presidente Bush... mas apesar do esforço não consegue evitar que o tufão Katrine questione a orientação política da Casa Branca e as suas prioridades: o esforço financeiro com o unilateralismo belicista (guerra do Iraque) ; o esforço financeiro com o policiamento crescente da sociedade em prejuizo dos direitos cívicos com questionáveis critérios da luta (obviamente necessária) contra o terrorismo; o "emagrecimento do Estado" nas políticas sociais ou "defesa de diques" como os de Nova Orleães ou com "mais Estado" nas encomendas estatais bilionárias aos fabricantes... por exemplo de material de guerra! [
link só disponível para assinantes]
Contra o rega-bofe
das remunerações complementares, acessórias, prémios, remunerações anuais de anos com 16, 17 ou 18 meses, ppr's, pensões as mais variadas, carros de luxo, cartão de crédito à conta da empresa e outros privilégios, sem critério,
à la carte, decididos pelas administrações das empresas de capitais públicos ou entidades equiparadas, em benefício próprio, com as tutelas a assobiarem para o lado, certas de que lhes chegará a vez quando deixarem de ser ministros... contra este regabofe vai
a resolução aprovada hoje no Conselho de ministro.
Irão alguns administradores atingidos fazer manifestações como os senhores oficiais que dirigem a Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e hoje informaram o Governo pelas televisões?
o Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Humano
Foi ontem divulgado o relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Humano que, na base de uma bateria de indicadores, hierarquiza 177 países.
Para além de Portugal ter ficado pior classificado que no anterior relatório (agora na 27ª posição), pouco teria comentar.
O curioso editorial, de hoje, de Eduardo Moura subdirector do JN causa alguma surpresa. É que na leitura deste jornalista, Portugal é dos países que mais se aproxima dos Estados Unidos no que aquele país tem de mau (desigualdades sociais, como a relação entre ricos e pobres, etc.), divergindo bastante no que aquele país tem de bom designadamente a área produtiva (tecnologia, investigação, PIB per capita, etc.)
O ministro Manuel Pinho desmente jornal de negócios
.... ficou mal na fotografia, segundo a versão do dito jornal, pois "borregou" no compromisso assumido com o Director do JN, a propósito da Fenosa. Fica sempre mal a um ministro não cumprir acordos pessoais de palavra. É um problema de confiança pessoal. E já agora aproveito para perguntar: para quando a política para o sector energético nacional?
Contra todas as Expectativas
A economia portuguesa apresenta um crescimento no segundo trimestre de 2005. Até contra as expectativas do próprio Ministro das Finanças, o que não deixa de ter piada, pois na semana passada disse que a economia estava estagnada.
Seria bom que o INE, a entidade estatística nacional explicasse bem como toda a gente se enganou: banca comercial, BP, MF, analistas de serviço, etc. todos. Acredito no INE, mas merecemos essa explicação.
A ser verdade....
....a nomeação do ex-ministro da economia de Durão Barroso, Carlos Tavares, para presidir à CMVM, vou ter de meter explicações.
Francamente, só vejo um critério "válido". Ministro das Finanças e potencial presidente Carlos Tavares terem estudado na FEP (faculdade de economia do Porto). Quaisquer outros, os espíritos que os "descubram".
Francamente estou a pensar reivindicar qualquer coisinha pois também andei lá dois anos e até fui dos corpos dirigentes da pró-associação de estudantes, numa fase muito crítica......
Posto isto estou a pensar retirar o post que aqui fiz à nomeação de Fernando Gomes para a Galp......
Em vez de te chateares, canta.
Canta o caminhante ledo
no caminho trabalhoso,
por entre o espesso arvoredo;
e, de noite, o temeroso,
cantando, refreia o medo.
Canta o preso docemente
os duros grilhões tocando;
canta o segador contente;
e o trabalhador, cantando,
o trabalho menos sente.
{ Luis de Camões, Babel e Sião, [Sôbolos Rios que vão] , Estrofe 14. }
Porque caiem certos aviões
Um artigo de
Sousa Monteiro no Diário Económico de hoje parece confirmar o que eu dizia [
aqui]
a propósito da pressa de muitos portugueses em confirmar notícias que apoucam Portugal sem averiguar o seu fundamento.
Transcrevo do artigo citado:
"
5 - Quanto à denúncia de um jornal francês sobre a existência de uma lista da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) sobre países, [que incluia Portugal] transportadoras ou aeroportos também mal cotados nas matérias em análise, eu informo que de acordo com os programas da ICAO presentemente aprovados, não cabe à Organização produzir qualquer lista de Estados ou de Operadores que cumpram ou não cumpram todos os requisitos de segurança estabelecidos pela ICAO. Esta é a verdade. Só se for uma lista pirata! "...
Particular importância é dada no artigo às autoridades aeronáuticas nacionais para a segurança do transporte aéreo:
"Esta infeliz série de desastres fatais de aviões que ocorrem pelo Mundo tem colocado com muito peso a avaliação do papel das respectivas autoridades aeronáuticas envolvidas." ...
"Por exemplo: -Na Grécia um responsável da Autoridade de Aviação cipriota denunciou que este organismo não efectuou, durante os últimos 10 meses, os controlos obrigatórios aos aviões, tendo, no entanto, recebido as verbas das companhias Helios, Eurocypria e Cyprus Airways. Esta denúncia ocorreu duas semanas depois da queda de um avião cipriota perto de Atenas e que matou 121 pessoas."
Pode o Futebol Português sair dos palcos internacionais?
Esta foi uma questão ontem muito referida em vários jornais, com base na entrevista do dr. Gilberto Madail à rádio renascença em que disse: "Nós não estamos dentro daquilo que são os parâmetros da FIFA e da UEFA" acrescentando ainda que "não é a primeira vez que a FIFA suspende uma determinada federação de participar em competições europeias e mundiais".
Choca ouvir um homem responsável de há muitos anos pelo futebol português, dizer isto com um certo ar de "desplante" e de "distanciamento" como se nada tivesse a ver com ele, quando até estamos a um passo do apuramento para o mundial de 2006. Mas se um caso desses acontecer não afecta só as selecções mas os clubes todos.
A hipótese em causa prende-se com a própria Federação Portuguesa de Futebol e os seus estatutos, segundo li. Mas gostaria de perguntar: será que o dr. Gilberto Madail, em todo este tempo de governação da Federação, não tem mesmo culpa nenhuma neste processo de atraso legal? Pode atirar as culpas só para o governo como mais ou menos insinuou?
2005-09-07
O estado da justiça (com letra pequena)
Hoje o Público oferece-nos duas páginas inteirinhas sobre o rol de crimes de que é acusado o mediático autarca Avelino Ferreira Torres.
Não quero nem posso antecipar-me às conclusões da justiça (com letra pequena, por culpa de todos os poderes).
Mas o que se vem dizendo desta "importante" figura do poder local, imobiliário, futebolístico, de irrecusável presença nos media e "quintas de celebridades" desde há dezenas de anos sem que nada se consiga esclarecer e nada se faça não pode deixar de revoltar quem espera mais do nosso regime democrático.
O estado da televisão (com letra pequena)
Ontem as televisões, privadas e do Estado, ofereceram um generosíssimo quão deprimente tempo de antena a Valentim Loureiro. (Há aí alguém que queira apostar em como o Apito Dourado só vai a julgamente depois das autárquicas?)
Que critério leva as televisões a tal despautério? Que tinha Valentim Loureiro para dizer que não soubesse já? Um chorrilho de acusações, desafios e arruaças, em directo, ao presidente do seu partido. Porquê? Porque este não aceitou, como manda a decência, que se candidatasse em nome do PSD, uma pessoa que é arguida de vários crimes e aguarda julgamento.
As prioridades da Casa Branca
A conexão entre a tragédia de Nova Orleães e a guerra do Iraque pareceu a
opinion makers nacionais não só uma atitude imoral como uma ligação só possível na cabeça de irrecuperáveis anti-americanos. No entanto basta uma rápida visita pela
net aos
media norte-americanos para se concluir o contrário. Sugiro uma visita ao
NYTimes, ao
Times-Picayune de Nova Orleães ou por ex. [
aqui].
Para desconcerto de tais almas "isentas" encontra-se um infindável rol de queixas, de alertas, de pedidos de urgente socorro. Não agora, depois de consumada a tragédia, na região do Mississipe. Mas desde há pelo menos 3 anos.
Autoridades locais, media, organizações da sociedade civil reclamam a elevação, o fortalecimento, a reparação de diques, barreiras, sistemas de bombagem, estudos de defesa da cidade para furacões mais perigosos há muito previstos. Mas a tudo isto a administração central de W. Bush, ao contrário de anteriores administrações, respondeu com cortes, por vezes drásticos, nos orçamentos para tais fins por razões sempre atribuídas ao esforço de guerra no Iraque e à militarização da sociedade para o combate ao terrorismo.
Soares à Presidência (6)
Ramalho Eanes, 70 anos. Jovem ex-futuro Presidente da República Portuguesa.
«Se Soares, que foi meu Primeire Ministre, pode, eu que sou mais nove, também posse!»Já se conhecem três dos futuros candidatos às presidenciais (Jerónimo, Soares e Louçã) mas ainda só se suspeita de quem será o candidato das grandes famílias da direita. Chovem apostas sobre se Cavaco vai confirmar a sua candidatura ou recuar perante o Buuh! que Soares lhe veio fazer.
Porém, dos arraiais das direitas, surgem impulsos curiosos. Por um lado, Marcelo Rebelo de Sousa (que seria uma espécie de Manuel Alegre da direita) deixou escapar que em cenário de desistência de Cavaco, ele, Marcelo, poderia avançar. Por quê? Por certo não estaria disposto a pactuar com um passeio plebiscitário de Soares na Avenida da Liberdade.
A moda pegou. A motivação mais nítida das figuras que vão prometendo candidatar-se é a de não deixar o putativo opositor fazer um passeio plebiscitário na Avenida da Liberdade.
Por outro lado, Belmiro de Azevedo, cujo apoio a Cavaco chegou a ser precipitadamente noticiado com a objectividade habitual nos nossos noticiários, fez questão de acentuar que ainda não divulgou, de facto, qual dos candidatos virá a apoiar.
Parece até que, diante deste silêncio aparentemente tão disciplinado das direitas, a ideia geral é a de que a direita, se o PS sofrer uma erosão assinalável nas autárquicas de Outubro próximo, não tem nada a perder.
Seja qual for o candidato.
Pais e Filhos
Isak Edvardin muotokuva
[ Isak Wacklin, 1757, óleo sobre tela, Ateneum Art Museum, Helsinki ]
Isak pintou o retrato do filho, Isak, de ano e meio, em meados século XVIII. O pintor morreu cedo e pobre. Guardaram-lhe o quadro no Museu Ateneu como um exemplar do estilo rococó. Depois de consumado o gesto criador, parece haver sempre uma razão plausível para guardar e expor as obras. A miséria de ontem faz a riqueza espiritual de hoje, ciclicamente...
Se isto se confirma
é verdadeiramente
arrasador para a Administração W.Bush.